O que é?
Até recentemente chamada de terapia de reposição hormonal e agora apenas de terapia hormonal na menopausa, nada mais é que o uso de hormônios sintéticos ou semelhantes aos naturais, produzidos pelos ovários da mulher durante a fase reprodutiva da vida, para aliviar e tratar sintomas da menopausa e do envelhecimento natural.
Para quem está indicada?
Principalmente para mulheres na peri e pós-menopausa com queixas de:
fogachos (calorões) moderados a severos;
ressecamento vaginal e/ou dor na relação sexual (dispareunia), relacionadas à atrofia da mucosa vaginal.
Por que usar terapia hormonal?
Porque é a principal forma de alívio dos sintomas da menopausa relacionados aos níveis mais baixos de estrogênio: como fogachos (calorões) e ressecamento vaginal.
Além destes, há também as seguintes evidências de benefícios da TH:
prevenção de fraturas relacionadas à osteoporose;
efeito positivo no humor e sono na transição menopausal;
melhora da função sexual;
redução do risco de diabetes melitus do tipo 2;
diminuição do risco de câncer colorretal (terapia combinada, leia mais nos próximos tópicos);
redução do risco cardiovascular e de doença Alzheimer quando iniciada na transição menopausal ou na pós-menopausa recente;
melhora da qualidade de vida das mulheres sintomáticas.
Veja o vídeo abaixo:
Quando posso iniciar o uso?
O ideal é iniciar a TH nos primeiros dez anos após a menopausa (também chamada de janela de oportunidade).
Levando-se em conta que a idade média da menopausa no Brasil é por volta dos 51 anos, podemos dizer então que a maioria dos casos este início se dará antes dos 60 anos.
Em casos especiais, como o da menopausa precoce (que se inicia antes dos 40 anos), a TH pode ser iniciada antes visando proteger a paciente jovem dos efeitos da falta de estrogênio, principalmente na massa óssea.
Tipos de TH
São basicamente dois grupos de medicamentos, os que contêm apenas estrógenos e os que apresentam a associação de um estrogênio com um progestagênio:
Terapia estrogênica (TE): contém somente hormônio estrogênio. Desta forma isolada só pode ser prescrita para pacientes que já não possuem o útero.
Terapia estroprogestagênica (TEP): progestagênio é acrescentado à TE. Prescrita para pacientes que possuem o útero.
Quais são as formas de uso?
Existe o tratamento dito SISTÊMICO que irá agir em todo o corpo ajudando a aliviar, por exemplo, queixas de fogachos (calorões), ressecamento vaginal e atuando na prevenção de osteoporose. Este tratamento sistêmico pode ser feito por diferentes vias de administração (com vantagens e desvantagens para cada uma):
comprimidos orais
anel vaginal
adesivo transdérmico
gel
emulsão
spray
injeções
Outra opção é o tratamento LOCAL, diretamente por via vaginal, com doses baixas de estrogênio, que são efetivas para o tratamento de queixas como ressecamento vaginal que pode levar à dor na relação sexual. Também nessa forma de tratamento local há diferentes formas de administração da medicação:
cremes vaginais
anel vaginal
comprimidos vaginais
Quem NÃO deve usar?
Este é um ponto muito importante! Como já explicado no artigo anterior de dúvidas iniciais sobre a menopausa, esta não é uma doença mas sim uma fase da vida mulher onde podem aparecer queixas e sintomas relacionados à queda na produção dos hormônios ovarianos, principalmente o estrogênio.
Não existe uma única “lista de contraindicações” ao uso da TH, por isso, cada paciente deve ter seu histórico de saúde e queixas analisadas individualmente. Entretanto, de uma maneira geral, a terapia hormonal na menopausa está contraindicada em mulheres com histórico (antecedente) pessoal de:
Câncer de mama
Câncer de endométrio
Sangramento vaginal de causa desconhecida
Doença hepática
Coágulos / tromboses
Doença cardiovascular (incluindo doença cardíaca e derrame)
Tabagismo (idealmente deve ser interrompido antes de iniciar a TH)
Porfiria
Lúpus eritematoso sistêmico
Meningeoma
Por quanto tempo posso usar?
Tanto o tempo de uso da terapia hormonal como a dose da medicação deverão ser sempre individualizadas e o acompanhamento médico de rotina durante o tratamento é mandatório. Entretanto, a recomendação é de utilizar a menor dose efetiva pelo menor tempo possível.
Existe risco de câncer de mama?
Este ainda é um grande temor das pacientes ao considerar o início de uma terapia hormonal na menopausa. Entretanto, para até cinco anos de uso não existe comprovação significativa de aumento do risco de câncer de mama. Após este tempo, e especificamente no caso de terapia combinada (estrogênio + progestagênio), pode haver um MÍNIMO aumento do risco de desenvolvimento do câncer de mama além do já verificado habitualmente em mulheres desta faixa etária (mesmo entre as que nunca usaram terapia hormonal na menopausa). Em números o número de casos novos de câncer de mama associado ao uso da TH é de menos de 1 por 1.000 mulheres (Consenso Brasileiro de Terapêutica Hormonal da Menopausa, 2014).
Desta forma, a paciente deve decidir em conjunto com o médico assistente entre a manutenção e a interrupção do tratamento após cinco anos de uso da TH, levando-se em conta os possíveis benefícios advindos da terapia e os riscos existentes.
E risco para outros tipos de cânceres?
A terapia hormonal combinada (estrogênio + progestagênio) DIMINUI o risco de câncer de endométrio e de câncer colorretal (porção final do intestino).
NÃO há aumento do risco de câncer de ovário (exceto um subtipo chamado de endometrioide), de câncer de colo uterino escamoso (o subtipo mais comum) e câncer de estômago em usuárias de TH.
Veja o vídeo abaixo:
O que são hormônios “bioidênticos”?
A definição técnica de hormônio bioidêntico é a de um hormônio com estrutura química idêntica àqueles produzidos naturalmente por nossos organismos.
No caso da TH, já há no mercado opções comerciais disponíveis para venda com prescrição médica. Entretanto tem se criado a falsa impressão de que apenas hormônios formulados em laboratórios de manipulação poderiam ser caracterizados como bioidênticos o que não é verdade.
Referências:
Guia da Menopausa, 7ª edição, Sociedade Norte-americana de Menopausa (NAMS), 2012. Traduzido pela Associação Brasileira do Climatério (SOBRAC), 2013.
Consenso Brasileiro de Terapêutica Hormonal da Menopausa, 2014. Associação Brasileira do Climatério (SOBRAC).
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